Impressões sobre 7 PECADOS (ed. Scenarium, 2015)
de Antonio Baltazar; Beto B.; Emerson Braga; Joakim Antonio; Marcelo Moro; Obdulio Nuñes e Lourival Cristofoletti.
por Adriana Aneli
Nem mais é um
pecado,
Virou uma qualidade
...que maldade.
Beto B.
Confesso que li.
E porque li, pequei. Para pecados familiares, arrisco pais nossos, aves- maria,
talvez um copo de detox ou uma pitada
de autoajuda. Confesso que li, e porque li, perdi o caminho da penitência; difícil
mesmo é lidar com pecados alheios.
Comecei pelo
buraco da fechadura, entre mandos e desmandos do universo feminino, a prova do
verso, o texto afiado das sete pecadoras.
Agora, estou do lado de dentro, a portas fechadas, com sete pecadores. Nestes corredores vejo pecados de gostos simples,
outros de instinto requintado, pecadilhos desenhados, temores confessados, desejos
derramados, devorados, arrependidos e bem-humorados. Círculos de Paraíso e de Inferno
e o pecado maior, dentre todos os outros: o de ficar no purgatório sem ter cometido
pecado nenhum.
Entre sete confissões
e quarenta e nove pecados, testemunho o fôlego de Antonio Baltazar: sete transgressões cometidas em uma só noite; a
indecência lírica (nem sempre) doce de Beto
B.; a mítica história de ambivalências de Emerson Braga; a verdade à queima roupa de Joakim Antonio. Na literatura sensorial de Marcelo Moro, submerjo até flanar, sem pressa e sem medida da crônica
poética de Obdulio Nuñes até o giro de novidades de Lourival Cristofoletti... Tudo com
muito respeito, senhores, afinal, para além do campo da ética ou da moral, a
discussão aqui é estética. Uma questão de sobrevivência, sem mea culpa.
Na era da subjetividade,
pecados antigos se transformam em virtude: vaidade é autoestima, ira é brio,
inveja é porta de entrada para o autoconhecimento, avareza é boa gestão,
preguiça é um direito a ser conquistado, luxúria é libertação. A gula, pobres
de nós, há muito deixou de ser pecado para virar a própria punição: nossa
existência mundana, desde que abençoada pela mídia, ganhando contornos de
sagrada.
Neste tempo de condenações
e curas concomitantes sempre ao alcance de um clique, Sete Pecados surge com um discurso sincero... E por isso é novo e sedutor.
Confesso que li e gosto muito do sabor que ele tem.
Fecho o livro. Pecado
apagado não queima, mas deixa fumaça... e, como onde há fumaça, há fogo, abro
de novo o livro: pecado vira vício. Façamos! Pecar é preciso, perdoar é humano.
Quatro dos sete pecadores: Baltazar, Obdúlio, Joakim e Moro
7 pecados está à venda no site da Scenarium:
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAdriana Lagrasta, que imenso prazer ter os nossos pecados apresentados com a categoria de uma grande sacerdotiza das palavras. Gracias! - ONO
ResponderExcluirQue delícia de ler, obrigado pelo pouso do olhar sobre nosso escritos. Agradecido, sempre e muito sucesso pra ti! Beijo.
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